Ela lhe viu lutar e gostou, da sua ferocidade, do sorriso em
seus lábios ao enfrentar a morte, a sua ousadia lhe arrepiou a nuca, sua
virilidade e força deixaram-na de pernas tremulas e seu sexo estava pronto,
numa enxurrada de temor e excitação.
Não suportava esperar o momento em que poderia tratar seus
ferimentos e cavalgar em seu corpo ainda febril, fitar sua expressão de prazer
e dor, pois ainda naquela noite, ele seria seu homem, seu guerreiro, seu Deus,
e ela seria sua mulher, sua sacerdotisa e sua Deusa.
...
...
Levou tempo para que ele estivesse pronto para partir, água
pura, ervas, orações e o calor do seu corpo o ajudaram a levantar. Ele lembrava
daquela primeira noite, e de todas as outras, em que ela deitou-se com ele e
aplacou sua febre com o calor de seu sexo, de como as feridas se abriram com o
vigor desta comunhão.
O que apenas ela lembrava eram as noites de alucinações, com
choro baixo, com medo da solidão e do escuro que apenas se aplacavam com o
cuidado e calor de seu corpo, dos dias em que aparentemente ele morreu,
aplicando técnicas que aprendeu em suas jornadas para se manter escondido,
ainda que dormindo.
Mas naquele dia ele estava de pé, parecia que a luta jamais
tinha ocorrido, exceto pelas feridas que ainda não estavam completamente
cicatrizadas, o sorriso largo de quem não sentia mais dor alguma, como se a
morte não fosse algo a ser temido, mascara que aprendeu a usar em suas
andanças. E naquela noite festejaram, beberam, comeram e dançaram, como
dançaram! Novamente eram um, olhares e sorrisos os uniam de tal forma que mesmo
aquela dança não coreografada parecia natural, como se fossem os parceiros mais
antigos, e talvez o fossem!
No fim da noite se uniram uma vez mais, e foi a primeira que
sua condição física lhe permitiu guiar, e ele o fez com vontade, até quase
desmaiar, sabendo que aquela provavelmente seria a ultima vez que seus corpos
se uniriam, ao menos nesta vida.
Ao acordar ela sequer precisou virar-se para saber que
estava só, não sentia mais aquele calor e entendia a natureza de seus caminhos,
não houveram despedidas nem um “eu te amo”, não foi necessário, suas almas
falaram tudo que havia para se falar e estariam conectadas, marcadas de tal
forma que por muitas vidas ainda iriam se encontrar e desencontrar, numa busca
incessante por aquele pedaço que eternamente lhe faltaria.
o texto me transportou direto para os tempos de Avalon
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