Ontem chorei!
Não queria chorar, mas foi mais forte que eu, muito mais.
Chorei copiosamente, solucei, parei, voltei a chorar, voltei a soluçar.
Fui estimulado a chorar por quem me deu apoio, me fez extravasar, pôr para fora.
Mesmo os gigantes choram, quando falamos de nosso amor, quando o sentimos, choramos.
Choramos ao ver tão grande sentimento ruir frente a coisas pequenas, quando não
conseguimos manter uma relação amistosa com quem amamos de verdade.
Choramos quando não conseguimos dividir o espaço com quem não queremos mais dividir os lençois.
Chorei por sofrer, por sentir doer em meu peito a dor do fim, a dor de perder mais do que queria, de perder alêm do beijo, do sexo, do carinho, perder o respeito, a consideração.
Chorei por sentir-me injustiçado, minha vida interferida por quem pouco me conhece, que acha que me entende, que acha que sabe, que julga o livro pela capa.
Mas ao mesmo tempo chorei porque estas mesmas pessoas são aquelas que podem me ver chorar, que irão me abraçar e afagar para abrandar o chôro.
Julgam a capa por ser um livro difícil de ler, quase impossivel, seja pelas trancas que os impedem de abrir, seja pela linguagem codificada.
Mas enfim, chorei e sinto que chorarei muitas vezes, porque apesar de detestar a dor do fim, não consigo parar de querer sentir a alegria e o extase do começo.